03 setembro 2009

Regressado de Férias e novamente no ar

Caros amigos regressei... Desde já peço desculpa pela minha tão alargada ausência mas foi de facto necessária para repor energias. Mas cá estou. E espero vir em força. Avistam-se novos projectos no horizonte e muito mar para remar.
Sei que a minha ausência por todo este tempo e falta de posts podem ter levado o blog à morte, mas, vou acreditar que assim não foi e prossegir com os meus textos.
As fériazitas já eram por isso mãos ao trabalho.
Beijinhos e Abraços
João

27 julho 2009

Época de transformação

Desde já, o meu grande olá a todos =)
Pois bem, a razão pela qual tenho lançado posts de forma mais espaçada é exactamente pelo facto de estar a passar uma fase de transformação pessoal e profissional que me tem condicionado, um pouco, o tempo.
Mas, não deixarei, de forma alguma, de escrever no blog. Como digo, trata-se de uma fase de mudança, logo, tenho o meu tempo apenas um pouco mais direccionado para outros mundos. Em todo o caso, estou, como sempre estarei apto a ir partilhando as minhas ideias e filosofias de vida com todos aqueles que, de uma forma ou de outra, vão interagindo comigo. Daí, como também é público, ter o endereço afixado para todos os que quiserem me contactar via mail ou msn.
Queria aproveitar este momento para agradecer também, a todos aqueles, que de uma forma muito especial, me têm empurrado para a frente neste meu projecto. Já que, é a vós que devo estas quase 1000 visitas no curto espaço de dois meses!
O meu muito obrigado.
Finalizando, deixo aqui a promessa de me lançar em nova escrita, num regime mais diário, assim que a minha vida profissional acalmar um pouco. Penso que não faltará muito para tal acontecer.
Obrigado pelo vosso apoio e conto com mais feedbacks sobre o meu blog e opiniões para novos asuntos, novas formas de abordar, novos temas, etc...
Este espaço também é vosso!
Beijinhos e abraços para todos.
João

21 julho 2009

Uma espécie de desabafo...

Devo ser bipolar. Digo-o respeitando aqueles que, de facto, sofrem deste problema. Mas, sempre tive uma tendência natural para recorrer à melancolia e posteriormente a uma profunda alegria. Voltando sucessivamente a cada um dos estados.
Serei um ET? Estranho ou incongruente?
Se há coisa que gosto é perder-me a ouvir um tema melancólico que, necessariamente, nos prende ainda mais naqueles estado de espírito. Por outro lado, a alegria e vasculhar no leitor de mp3 "giant steps" quase a 200bpm e ficar numa espécie de cápsula do tempo, repleto de energia, busca e positivismo.
É neste estado que vou montando as minhas teorias e gerindo a forma como vou organizando a minha concepção do universo.
Nunca se deram conta que levamos a vida demasiado encerrada no concreto?
Pensamos demasiado no racional e esquecemo-nos de levantar voo... Vivemos o nosso curto tempo e pouco mais fazemos que arranhar a superfície daquilo que há para levar da nossa passagem por aqui.
Não se trata de metafisica, filosofia, psicologia e tudo o resto. Trata-se de não percebermos a nossa própria dimensão, ou pelo menos, não nos preocuparmos com ela.
E que acontece depois?
Depois, damos por nós a nos lamentarmos de não termos dito um obrigado a alguém que o merecia, de não termos sorrido a um tio já idoso, de não termos ido visitar um avô velhinho que sentia a nossa falta e que entretretanto já partiu, sem tão pouco nos termos despedido dele.
Depois, não temos quase nada a que nos agarrar, assumem-se as rotinas na incursão diária para o trabalho, e dele para casa. Vivemos preocupações que não deviam ser nossas. Deitamos o tempo à rua.
Não! não estou a ver isto pelo lado negro, muito pelo contrário, estou sim a fazer uma apologia da vida e de a gozar.
É uma espécie de desabafo, uma espécie de epifania...

14 julho 2009

A magia do jazz... Gostar e porquê?





Para os que me conhecem, ou vão conhecendo e se têm passeado pelo meu blog sabem que sou amante de jazz. Ora, colocar um post sobre jazz não seria, por certo, novidade. Mas, a verdade é que este não gera o interesse que, na minha opinião, devia no público em geral.
Ao longo dos anos tenho ouvido as mais diversas questões:



“Porque gostas “disso””?
“Não é um estilo de música “velho””?
“Ver um concerto de jazz? Bah… que seca”

Etc…



O jazz não se gosta, sente-se. Não é velho, muitoooooo pelo contrário e já explicarei. Seca é gramar com as novelas da televisão nacional.

Pois bem, o que é o jazz? O link http://pt.wikipedia.org/wiki/Jazz pode-vos dar uma ideia bastante generalista do que este representa, em termos históricos. Mas, o que realmente importa não é o que o jazz, é sim aquilo que faz sentir. E perguntam vocês:



- “O que faz ele sentir?”



Eu respondo:
-“Tudo!” lol



De facto o discurso jazz, ao longo dos tempos, sempre esteve ligado a quase todos os assuntos: amor, tristeza, alegria, euforia, morte, sexo, drama, paixão, loucura, êxtase, etc… O jazz sempre se ocupou em “musicar” esses sentimentos e situações de uma forma bem mais natural, sentimental e lírica que outros estilos. Fá-lo de uma forma tão honesta que nos anos 40/50/60/70 chegava perfeitamente às massas e agora tal não acontece. Porquê? Isso abre pano para mangas e que talvez não seja o melhor dos tópicos. Não porque seja mau, mas sim porque se torna incómodo e discutível em meios menos esclarecidos. No fundo, digamos que o público se desleixou ou se acomodou a um certo facilitismo institucionalizado. Enfim.
Mas o jazz é uma forma de encarar o mundo, escrever e pintar com sons.



- “Porque achas então tem o jazz tem mais magia que o rock? o metal? a dance music? o pop? E por aí…”



Talvez porque o faça de uma forma que nos conecta com o universo e com as raízes, porque existe uma espécie de energia cósmica num solo improvisado, no clímax de uma performance. Há algo de transcendente e ao mesmo tempo completamente terreno e humano. É verdade que falamos de som, organizado de forma a seguir uma determinada estratégia estilística e uma manifestação própria, mas som! Com toda a grandeza ou pequenez que se lhe queira atribuir. Aliás, para quem possa não saber (espero que todos saibam!), som é vibração. Essa vibração gera ondas que se convertem em impulsos interpretados pelo nosso ouvido e analisados pelo nosso cérebro como manifestações sonoras. O interessante é que tudo na natureza está em constante vibração/movimento. Até uma rocha! Aqui entra a dimensão atómica. Os átomos também se encontram em permanente movimento, o que prova que, de facto, tudo é som.



- “O que faz pois haver quem goste de um estilo e não do outro?”



Vários factores: a educação (na minha opinião o predominante); o preconceito; o nível social (curiosamente este só se manifesta nos nossos dias, já que o jazz nasceu no seio dos emigrantes negros americanos, envolvidos na pobreza de quem pelos EUA se refugiou à espera de melhores oportunidades ou, mais cruelmente, como escravos); a falta de personalidade (demasiadas pessoas tendem a assumir comportamentos de massa dentro da unidade grupal em que se encontram); o medo da diferença (semelhante ao preconceito); a pura e simples ignorância; a própria estrutura orgânica do nosso ouvido e das conexões cerebrais; etc…



Antes que me crucifiquem, posso-vos assegurar que a resposta à questão acima apenas com um: “porque eu gosto e pronto” não é de facto resposta. Os nossos gostos são baseados nas experiências de vida, numa relação de feedback positivo ou negativo, associado ou não a outras circunstâncias marcantes, dessas mesmas experiências. Quero com isto dizer que, aquilo que alguém toma como bom hoje, teve um impacto positivo numa qualquer situação semelhante no passado. Não precisa de ser necessariamente igual, mas semelhante. Somos frutos das nossas construções pessoais e nelas baseamos aquilo que é o nosso gosto. Prova disto são os estudos, cada vez em maior número sobre o efeito da música nos bebés e recém-nascidos, cujo efeito da personalidade ainda não é absolutamente manifestado.

Voltando ao tema, o jazz e os blues são os pais de praticamente tudo o que se faz actualmente na música num contexto ocidental. O jazz faz 90 anos mais ou menos. Continua a reinventar-se diariamente, muito mais que rock. Nos dias que correm, devido ao seu espírito de profunda base musical funde-se com o pop, rock, funk, blues, música latina, flamenco, bossa-nova, música celta, sonoridades asiáticas, com a dance music, world music, fado, etc… Trata-se pois de uma manifestação profundamente actual, nascida muito à frente do seu tempo e talvez incompreendida por isso. Os ouvintes e músicos de jazz não são uma “elite” ou “intelectuais”, como muitos lhes teimam em chamar. São, infelizmente por cá, uma minoria.
Se por acaso algum ouvinte de jazz me estiver a ler, certamente, compreenderá tudo aquilo que até ao momento escrevi.

A Improvisação


Finalmente, importa dizer que o jazz introduz algo na música que até então apenas Johann Sebastian Bach (Eisenach, 21 de Março de 1685 — Leipzig, 28 de Julho de 1750), tentou fazer de forma dissimulada. A IMPROVISAÇÃO, essa forma de arte maior que foi “inventada” pelo jazz e pelo génio dos seus “criadores”. A capacidade de se reinventar uma música a cada vez que se toca é algo que só pode atrair. O rock, metal, pop, etc… tentam introduzir alguma dessa linguagem hoje em dia, mas o que é facto é que a mestria continua e sempre continuará a vir do legado dos grandes mestres. Esses homens primeiros que organizaram e compilaram aquilo que, tomamos hoje por adquirido, em termos de teoria e prática musicais. A música clássica sempre viveu á parte do jazz. Sempre olhou para este com respeito, mas, ainda assim, em parte desvalorizando-o como “música não erudita”. O conhecimento técnico dos instrumentos numa fusão próxima com o conhecimento teórico, faz com que aprender a improvisar seja uma aprendizagem a longo prazo, nunca completa na vida de um músico e que, se vai recriando e interagindo com o meio musical envolvente.

Quem nunca ouviu, que se deixe contagiar 10 minutos por dia com a magia do jazz. Ele pode mudar a tua vida!
Deixo-vos uma pequena síntese informativa dos principais nomes e correntes (imensamente mais havia para acrescentar), em ordem pela qual, o jazz, se foi desenvolvendo.


* Ragtime - 1880/1990 (Scott Joplin)


* Blues - 1900/1920 (Ma Rainey, Bessie Smith, W.C. Handy)


* Dixieland - 1917/1920 (Louis Armstrong, Jelly Roll Norton, King Oliver)


* Big Band (Swing):


- Inícios - 1920 (Flectcher Henderson, Paul Whiteman)


- "Boom" - 1930/1940 (Woody Herman, Count Basie, Duke Ellington)


- Pós-Gerra até ao Presente - 1940 (Stan Keaton, Buddy Rich, Maynard Ferguson)


* Latin Jazz - 1930 (Dizzy Gillespie, Stan Keaton, Airto Moreira)


* Bepbop - 1940/1950 (Dizzy Gillespie, Charlie Parker)


* Cool Jazz - 1940/1950 (Miles Davis, Bil Evans, Wes Montgomery)


* Hard bop - 1950 (Art Blakey, Miles Davis, Horace Silver)


* Post bop - 1950/1960 (Miles Davis, Julian "Cannonball" Adderly, John Coltrane)


* Free Jazz/Avant Garde - 1950/1960 - (Ornette Coleman, Cecil Taylor)


* Fusion - 1970 (Chick Corea, Pat Metheny, Weather Report)


* Post Modern Jazz - 1970/1980 (Charlie Haden, Muhal Richard Abrams, Keith Jarrett)


Beijinhos e abraços para todos


João

09 julho 2009

O calor é inimigo dos telemóveis

O meu telefone fez puff! Como ando em maré de pouca sorte lá foi aconteçer mais uma. O desgraçado do bicho deu em ficar com a bateria inchada que parecia uma laranja e puff. Foi-se. Lá tive que ir enterrar mais uma mão cheia de massa para o telefone. O que vale é que existem várias alternativas no mercado e não apenas aquela marca começada por N que eu não gosto especialmente lol. Os meus telefones começam todos por S lol. E assim devia ser toda a gente. Isto é uma mera opinião pessoal.
Tudo isto para dizer que "graças" ao calor a bateria cedeu, as baterias de lithium são extremamente sensiveis a alterações e climax de temperatura. Existem mesmo casos de acidentes relacionados com elas, o que prova que mais uma vez a tecnologia vinga-se de nós lol. Tudo é descartável agora! Foi-se a bateria veio um telefone novo... Enfim. É o poder do consumismo/capitalismo.
Beijinhos e abraços
João
PS - Não tem nada a ver com o tema, mas lanço o apelo! Quero voltar à escola e estudar e isso... =( lol agora provavelmente estaria de papo para o ar. Acreditem "eventuais" (lol) estudantes, o tempo de secundário, faculdade, etc... será quase a maior alegria das vossas vidas. Bolas! o tempo devia voltar para trás. Possivelmente não estaria aqui sentado a escrever isto agora lol. Mas a vida são dois dias e um é para acordar! Por isso vamos embora e para a frente é que é Lisboa! lol

05 julho 2009

Depois da confusão...

Depois de todas as contrariedades tipicas da vida de todos os dias, eis que se impõe um período de alguma calma. Talvez demasiada lol Ora anda a confusão declarada, ora um tédio que não se pode... Pois bem, aguardo pelo que virá por aí. A minha não presença diária neste espaço não é uma ausência, mas sim o resultado do trabalho que tenho andado a fazer. Ainda agora acabei de gravar e montar meia dúzia de temas e já tou a magicar em outros. Sinto que há algo a mudar, há algo no ar que me faz sentar, pegar nas guitarras e explorar algo novo.

As minhas férias aproximam-se, também o meu aniversário, portanto, deve ser por isso lol. Estou a ficar mais velho e é de facto interessante ver como o que pensávamos ontem, por vezes, sofre uma revolução num futuro não muito distante. A vida é feita disto, destas camadas que vamos sobrepondo para pintar o nosso quadro. Quando damos por nós estamos mais velhos, pensamos mais nas coisas e mais no valor que elas assumem para nós. Passamos a dar valor ao que nos faz sorrir e tudo o resto se vai alinhando e construindo em volta disso.

Enfim, tudo isto para dizer que o mundo é uma revolução constante, uma espécie de metropolitano gigante em que devemos sair e entrar em várias paragens, para podermos usufuir do que há na superfície.

"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"

Beijinhos e abraços a todos

João

02 julho 2009

Apenas um dia - Conto/Romance Parte 3

Caros amigos após a ausência de computador, cá está, finalmente, a 3ª parte do romance!
Nada podíamos fazer. Digo “podíamos” já que também eu fazia parte de toda a história.
Era necessário procurar o responsável pela barbárie.
Dirigi-me à sala, peguei no telefone e contactei o 118. Minutos depois uma ambulância e um carro da polícia encarregavam-se de despertar toda a vizinhança, que depressa acorreu numa incursão de pijama e trajes menores, invadindo o jardim. Irritado com a falta de descrição, que a situação impunha, procurei, educadamente, afasta-los. De nada serviu. Pareciam ter tendência à morbidez.
A polícia judiciária acabaria por chegar, selar o local e afastar-nos do interior da casa.
Fomos conduzidos para prestar declarações. O ambiente no ar era tenso. Sofia de olhar vazio e sem vida observava a rua pelo vidro do carro. Sem saber o que fazer, ao certo, apertei-lhe a mão com força e disse-lhe:
-Estou aqui!
Tentou esboçar um sorriso, mas saiu frágil.
Chegámos à sede da PJ e iniciou-se a tortura com horas seguidas de extenuantes interrogatórios. Sempre em busca da falha e da incongruência íamos sendo bombardeados com questões atrás de questões. O cansaço invadia o corpo e depressa chegou a manhã.
Sem dormir e com alguma fome deixaram-me sair. Sofia ficou. Apanhei um táxi e chegado a casa tomei um banho, ataquei o frigorífico e voltei a chamar um novo táxi para me levar até casa da mãe de Sofia, já que, o meu carro havia ficado lá, na noite anterior.
Ainda me encontrava tão atordoado com toda aquela história, não percebia porque não a deixaram vir também. Nada daquilo fazia sentido. Não havia sido ela, tinha certeza disso, pensei.
Estacionei no parque ao lado do edifício da PJ. Estava um dia solarengo e havia gente pelas ruas, na agitação típica de uma metrópole. Entrei. Sofia estava finalmente fora do gabinete de interrogatório. Vi-a ao fundo do corredor, corri até ela, abracei-a e disse:
- Vamos embora daqui, precisamos de apanhar um pouco de ar.
- Não posso, não posso sair para longe, disse-me a chorar.
- Porque? Perguntei.
- Fui constituída arguida! Eles pensam que matei a minha mãe João! Disse-me desmontando-se nos meus braços.
Um impulso gelado correu-me pela coluna, ainda assim, enchi-me de força, contornei os seus ombros com o braço e disse-lhe que tudo iria correr bem. Pelo menos, assim o esperava.
Saímos. Entrámos no carro e não houve uma palavra durante penosos minutos. Não sabia para onde ir, não sabia que fazer. Tentar animar? Temia que tal não fosse acontecer. Parei na praia, não me parecia o melhor dos sítios neste momento, mas tentei. Tudo parecia ignorar o que se passava connosco. O dia brilhante e convidativo, as crianças aos pulos na areia, já cheirava a Verão e nós apedrejados pela mão negra do destino, ou de outra coisa qualquer. Sofia continuava em voto de silêncio. Compreendia-o.
Sentámo-nos num rochedo junto à água. Dei-lhe a mão.
-Tu não está sozinha nisto, não sei se isso vale de algo, mas… Não estás só!, disse-lhe apertando a mão e procurando os seus olhos escondidos.
- Obrigado! Olhou e beijou-me.
Não sabia ao certo como lidar com a dualidade da situação, dei-lhe um sorriso e disse-lhe tentando cair em graça:
- Estava difícil sair um beijo teu, estava!
Devolveu-me um sorriso e encostou a cabeça no meu ombro.
Deixámo-nos ficar por uns minutos assim, olhando o mar, calados.
- Que vou eu fazer agora? Tenho a minha vida destruída! Acusaram-me de ter morto a minha mãe.
- Calma! Eles não te acusaram de nada! Constituíram-te arguida por teres sido a primeira a chegar ao local e enfim, por todo o cenário. Nada mais que isso! Provar-se-á que não foste tu. Tenho certeza disso. Resta-nos arranjar um advogado, coisa que já devíamos ter feito, ainda antes dos interrogatórios e deixar que as investigações comprovem que estás inocente.
Seríamos chamados para depor novamente nessa tarde.
Segundo o inspector eu fora ilibado já que à hora do crime estava no bar e havia passado o dia no trabalho, coisa que fora comprovada pelos testemunhos da Margarida, do Pedro e dos restantes amigos do bar, que concordaram prestar declarações.
Já Sofia corria mais riscos, não tinha álibi.
Depois do jantar passámos pela casa de Sofia para trazer alguma roupa e artigos de higiene pessoal, já que, havíamos combinado que ela ficaria na minha casa, pelo menos, por uns dias.
Sofia entrou no edifício e eu fiquei para trás, detido pelo aparecimento da D. Ermelinda, que num ápice, me lançou um completo interrogatório sobre tudo o que se estava a passar, pois a notícia não demorara a chegar. Tentei abreviar o assunto. Por fim subi. Ao entrar, dou com Sofia estática à entrada da sala, apoiada na parte lateral da porta. Boquiaberto, vejo inscrito na parede, a pinceladas irregulares de tinta vermelha meio escorrida:
- Agora só faltas tu!
Apressados, arrumámos os haveres dela e saímos directos para a polícia relatar o que vimos.
Continua brevemente...
Beijinhos e abraços para todos
João

29 junho 2009

Roubaram-me os pneus!

Pois é, a raiva tomou conta de mim... Anda um desgraçado a esfolar-se a trabalhar para cuidar das coisas dele, quando chega ao carro vindo do trabalho percebe que lhe roubaram os pneus novos! Postos há 15 dias! Por mais surreal e absurdo que possa parecer o comentário, este tipo de coisas, dá-me vontade de pegar no gajo que fez isto e desfazê-lo em bocados. E acreditem, já estive mais longe disso... Ando em maré de azar!
Tudo isto só vem provar o estado em que as coisam andam... Se ninguem fizer nada, nada se faz! Este país está-se a desmontar, é preciso mudar isto!
Alguem está comigo?
Estou sozinho nisto?

28 junho 2009

Somos escravos...

Só comigo... Ainda não veio o meu computador da reparação, logo, tenho toneladas de coisas para fazer e ando aqui a olhar para o boneco. O meu outro portátil já tem uns anitos e agora foi designado apenas para me controlar os processadores de efeitos das guitarras, etc... Curiosamente, isto faz-me pensar. Não há muito tempo atrás nem telefones móveis tinhamos, a vida corria bem à mesma! A rapaziada esperava os amigos no lugar do costume, os pais não passavam a vida a perguntar onde estávamos, nem as namoradas ou namorados. Jogávamos à bola na rua, andávamos de bicicleta, desfaziamos os joelhos a rebolar nas rampas com os carrinhos de rolamentos e tudo corria bem.
Hoje, falta a luz por 10 minutos e instala-se o pânico... Acaba-se a bateria do telefone e estamos isolados do mundo... Vai-se o pc e tornamo-nos extraterrestres ambulantes... Somos verdadeiros dependentes no nosso próprio tempo. Fazemo-nos depender daquilo que as empresas nos querem vender. Somos escravos da novidade e da tecnologia.
Sim, é certo que a tecnologia tem muito de positivo e pode-nos ajudar a enfrentar o mundo de forma mais simples, menos trabalhosa e mais acessível. Porém, este compromisso que vamos assumindo com a tecnologia vai-nos fechando num cubo que faz precisamente o contrário daquilo que diz querer vender! Passamos a estar isolados dos outros e de nós próprios. As relações tornam-se virtuais e os laços pessoais fragilizam-se e chegam mesmo a quebrar-se!
Depois, corremos atrás de prejuízo, aliás, como sempre fazemos.
Será que precisamos de tudo isto, diariamente?
Porque será que há 20 anos atrás nada existia e éramos felizes?
Fomo-nos acomodando! Essa é a resposta! Porque somos escravos da facilidade e da lei do menor esforço...
Recordem-se de quantas vezes vamos de carro à loja, café, farmácia, etc... que é ao fundo da rua. lol
Vale a pena pensar nisto.
Beijinhos e abraços para todos
João

26 junho 2009

Morreu Mickael Jackson

Ora bem, não é que tenha algum apreço em especial pela figura dele, mas a verdade é que se assumiu com um icone da música pop. Confesso, mais uma vez, que esta coisa do pop sempre me deixou indiferente ou de pé atrás.
No entanto, ele foi uma imagem de marca fortíssima no contexto publicitário.
Infelizmente, estou em crer que o seu funeral será mais concorrido que o de Miles Davis, Mahatma Gandhi, Martin Luther King ou até o falecido Papa João Paulo II, o que me faz pensar que este mundo está, definitivamente, perdido.
Mickael Jackson morreu de ataque cardíaco o que não deve ser esquecido por nenhum de nós.
E serve a presente para nos motivar a preservar a nossa saúde e eventualmente proceder a rastreios. Não podemos olhar para o lado e pensar que tal aconteçe apenas com os outros. Com ele aconteçeu. Os ricos também sofrem de problemas cardíacos!
Posto isto, pensem na vossa saúde e cuidem-se.
Beijinhos e abraços para todos
João
PS - A parte 3 do romance irá para o ar muito em breve assim que o meu portátil chegar da reparação.

25 junho 2009

Malditos virus, quando a desgraça aconteçe

Pois bem, estava eu todo lampeiro ontem à noite de volta da parte 3 do romance que tenho publicado aqui quando, aparentemente, vindo das profundezas obscuras do meu disco rigido, me ataca um bicharoco manhoso. Do nada lá começam a piscar as luzinhas dos anti-virus e similares que me alertam para tal facto. Descontraidamente, julgando ser um cookiezeco ou um trojan sem importância, fui ver o que se passava. De subito algo me cheira a esturro, o anti-virus detecta mas não corrige a infecção, os spywares um dá sinal o outro nem por isso... Algo se passava na casa das máquinas, pensei. Eis que a desgraça se dá quando começo a ver entulho nas chaves de registo do computador, ficheiros a irem-se embora sem se despedirem, velocidade de processamento de um 286 e outros cataclismos desgraçados. Conclusão, estive até às 5.45 da manhã a travar uma batalha épica com o bicho que assumia facetas de worm e simultâneamente de trojan, mas daqueles bem manhosos. Por se multiplicar sem parar e estar-me a contaminar chaves de registo e outras funções vitais, o mais é certo é ter que o formatar. Enfim. Pois bem, o texto ficou a meio e hoje não o consigo, provavelmente, por no ar.
Carissimos, serve este meu exemplo para que todos se preocupem com a protecção dos vossos computadores, já que os meus sempre foram conhecidos como fortalezas e agora, sem causa aparente e do nada, escorregaram. Felizmente consegui fazer backups de toda a informação.
Coloquem pois na vossa lista: instalar anti-virus credivel, firewall, anti-spyware, anti-malware, um ad-ware, um privacy controller, uma boa ferramenta de system care, bem como uma ferramenta de reparos de registo.
Beijinhos e abraços
João

23 junho 2009

Frase do dia...

Ser Português é não ter dinheiro para ir ao dentista e ter para comprar um lugar cativo e o kit de sócio do clube de futebol!

22 junho 2009

O nosso desgoverno...

De facto o trabalho nem sempre ajuda mas está-se a escrever a parte 3 do romance. Penso que a meio da semana estará no ar, se nada correr em contrário.
Em todo o caso e no tom muitas vezes sarcástico e mesmo desesperante que as situações merecem deixo aqui uma lista de pequenos titulos/notícias, que hoje fui lendo nos principais jornais nacionais. Com um pequeno comentário abaixo.
Desespero:
1ºMorre um bébé de 11 meses esquecido pelo pai, dentro do carro!
2ºHomem tenta matar ex-mulher na presença das filhas;
3ºMorte ao vivo de um participante no Lisboa Bike Tour;
Estas três notícias só revelam, verdadeiramente, o somatório da loucura, desrespeito e inércia que vivemos, nos dias que correm.
Para rir, ou chorar:
4ºProva de matemática fácil, segundo os alunos do ensino básico!;
5ºDesempregados incritos diminuem 0,5%;
6ºCrise provoca estagnação na entrada e saída de emigrantes;
7ºPolícias vão controlar casas dos criminosos;

Enfim, estamos em crise, mas verdadeiramente a crise que vivemos não é apenas económica! É sim de valores! Façamos uma pequena análise, muitos portugueses procuram trabalho ou emprego? (não desvalorizando os que não o conseguem e quem dá no duro diariamente), porque é que inundamos os "trabalhos menores" (esta visão é portuguesa! lá fora isto não aconteçe assim) com os imigrantes? porque insistem os portugueses em viver a crédito e ter à porta de casa uma bmw? porque há em média 3 telemóveis por habitante em portugal? porque não temos dinheiro para comer, mas temo-lo para queimar nas lojas de roupa de nome sonante?

Muitos portugueses não vivem assim. Ainda bem que não. Portugal precisa de acordar para vida e isto é algo que me incomoda. Como pode um pais proliferar se não produz sequer para comer? Continuamos a investir no sector terceário, nos serviços mas como se os portugueses não têm dinheiro para usufrir deles? Apostamos de forma errada. Esqueçemos a industria e o sector primário. Com alimento suficiente e boa produção tornamo-nos semi auto-suficientes, depois sim aposta-se fortemente no sector dos serviços! É elementar este conceito. Assim não aconteçe. Continuamos a inverter a ordem dos factores e assim não se sai disto. Nunca!

Não há poções mágicas, não há políticas melhores que outras, há sim necessidade de realizações concretas do que nos faz falta, basta de teorias o mundo é organizado numa grande complexidade sim, mas que se pode remeter a um principio básico, esse principio é o aconteçer! É só preciso fazer acontecer o que precisa de acontecer!

Beijinhos e abraços a todos

João

20 junho 2009

O segredo

Aí está ele, o fim de semana. Bem vistas as coisas o sábado já está e o domingo passa que quase nem damos por ele. Chega a infeliz segunda-feira, reclamamos por ser início da semana, na terça estamos cansados do dia anterior, a quarta é aborrecida por ser a meio da semana e já se anda a sonhar com o fim de semana, a quinta revela o cansaço acumulado, a sexta é de entusiasmo pelo fim de semana que se avizinha... O que é facto é que o sábado e o domingo passam num ápice, nem sempre o sabemos aproveitar e entramos novamente neste ciclo.
Conclusão, passamos os dias a resmungar porque não controlarmos o tempo. O stress vem daí... Não respeitamos o tempo natural das coisas e insistimos em querer acelerar um caminho para nossa própria decadência.
Olhamos para trás e a primeira manifestação que nos ocorre: "Devia ter ido com mais calma" ou provavelmente punimo-nos por não termos sabido viver algo num tempo passado.
Ir com mais calma não é sinónimo de pasmaceira, não! Ir com mais calma é não viver na angústia e pesadelo desse stress. Viver intensamente, pode e deve ser feito sem pressão. No entanto, não façamos de nós vegetais alienados sem objectivos e responsabilidades. Também nos são necessários.
Talvez seja tempo de sorrir, por para trás das costas o stress, viver intensamente as coisas boas e retirar lições das más. Afinal é verão, os dias andam simpáticos e a vida não deve ser comprometida pelo desajuste temporal, que teimamos viver diariamente.
O segredo está em não lutar contra o tempo, mas sim aprender com ele.
Um bom fim de semana a todos.
Beijinhos e abraços.
João

19 junho 2009

Hoje é um dia feliz!

Olá a todos! Tal como o titulo indica hoje é de facto um dia feliz. Pelo menos para mim. Senão vejamos:
1-Finalmente e após bastante trabalho conclui mais uma maquete dos meus trabalhos musicais;
2-Consegui acabar um desgraçado de um livro de 1000 e tal páginas que já andava a rebolar na mesa de cabeçeira há uns tempinhos;
3-Tenho finalmente o blog no ar, projecto que tinha em mente há bastante tempo;
4-O meu carro já trabalha lol apesar dos 600€ que tive que largar na oficina! bahhh...
5-E talvez mais relevante. Foi-me hoje comunicado que brevemente iria pertencer ao quadro de gerência da empresa para onde trabalho. Cheira-me a aumento. lol
Pois bem, nem todos os dias são cinzentos! Necessariamente não o deverão ser e nunca os deviamos ver assim.
Aguardo na espectativa o que virá por aí.
Lançarei novidades em breve, prometo!
Beijinhos e abraços
João

Apenas um dia - Parte 2

Abandonámos o bar, pouco faltava para o sol se erguer. A despedida foi de amigo.
Já em casa, resolvi não me deitar. Ajustei a luz da sala, dirigi-me à estante dos discos de vinil. Recorri a Miles Davis. Tirei do pequeno estojo uma escova de cor azul-marinho, cuja superfície lembrava veludo. Com o vinil a queimar no prato ia retirando, cuidadosamente, os indícios de pó na superfície.
A gola da camisa tinha ainda o cheiro do perfume dela, pensei.
Deixei-me ficar ali, em transe, enterrado na poltrona que me havia sido oferecida pelos meus pais e que o cão da família insistia em querer mastigar, nas suas incursões destruidoras pela minha casa.
O sol mostrou-se mesmo no fim do lado B do disco, conseguia vê-lo a rasgar por entre as tiras do estore.
Preparei-me, vesti-me de preto e segui para o trabalho. Fui de metro, já que o atelier era relativamente perto. Involuntariamente ficava sempre a par de todas as notícias, escândalos e intrigas que algumas senhoras, de voz assumida, insistiam em manifestar de um banco para o outro. Protegido pelos óculos escuros tentava, em parte, camuflar o riso contido que a situação me provocava.
O tecer de uma melodia descoordenada, vinda de um jovem de tez escura, com um acordeão, que havia entrado, fez-me reflectir.
A minha saída era a próxima. Acotovelando-me, dirigi-me para a porta que insistia em ceifar membros aos passageiros menos apressados.
Bom dia Sr. Vítor, dê-me o diário do costume por favor! – Disse, dirigindo-me ao quiosque mesmo na esquina do atelier.
Sr. Vítor, boa pessoa, mas sempre mal disposto e cabisbaixo era um homem alto e farto, de cicatrizes profundas infligidas pela guerra colonial.
-Bom dia! – Disse calmo, ao entrar no atelier.
-Olha ele! – Respondeu o Pedro, um dos bons amigos que cultivava desde o tempo da faculdade.
Pousei o jornal e a minha pasta, bati à porta e entrei no gabinete da Margarida, minha sócia e, também ela, ex-colega de turma.
-Bom dia, então? Como está o Filipe? – Perguntei.
-Está melhor, ontem fomos ao médico com ele e depois à vinda adormeceu no carro e tudo. Mudando de assunto, como correram as coisas ontem com a Sofia? – Perguntou, levantando o sobrolho.
-Mais logo conto-te tudo… - Disse-lhe, sorrindo meio envergonhado.
A Margarida sempre foi a minha melhor amiga. Eu até era padrinho do Filipe, o filho dela. Por vezes brincava com a situação. Dizia que me tinha convidado para padrinho apenas porque a tinha ajudado no projecto final do último ano e que como era inteligente e ia ser um bom arquitecto, iria ganhar bem para ajudar a sustentar eventuais afilhados.
Uma mulher muito bonita, alta, um longo cabelo loiro de canudos largos, lindíssimos olhos verdes. Recordo-me de ser vista como o Santo Graal da massa associativa masculina dos rapazes, nos tempos de escola. Por alturas das praxes, os veteranos incentivavam os jovens caloiros a improvisar intricadas odes à beleza de tão delicada “divindade” e das demais colegas recém-chegadas. Margarida respondia sempre com um sorriso maternal, mas, ainda assim com pequenos toques de humor, participando na festa.
O dia foi árduo, como de costume. Tínhamos em mãos um projecto para um novo centro comercial e a pressão exercida pelos investidores apenas atrapalhava.
O almoço foi no Chinês na rua paralela ao escritório, convidei eu. Sabia que provavelmente ia ser bombardeado por perguntas, eles jamais me iriam poupar ao desconforto na revelação dos detalhes da noite passada. Assim foi.
Mas, curiosamente, as questões não foram tão incisivas como esperava. Contei-lhes da conversa agradável que tínhamos tido, que sentia cumplicidade e à-vontade com ela e que, aparentemente, tudo fluía, mas, não havíamos passado muito da amizade, especial certamente, mas amizade. Depois de alguns empurrões na direcção que achavam correcta, assumi a promessa que de tarde lhe telefonaria a combinar algo para essa noite.
-Estou? Que surpresa! – Disse-me Sofia.
-Olá, sim sou eu, então como estás desde há pouco? – Ironizei.
-Estou bem, com sonito, mas bem, e tu? Chegaste a dormir alguma coisa? – Perguntou.
-Não! Estive entretido com os meus discos, se me deitasse penso que ainda me ia sentir mais sonolento. – Respondi.
-Eu nem me lembro de ter chegado a casa, devo ter “aterrado” logo no sofá! – Disse ela, rindo.
-Fantástico! Olha, logo queres ir ao bar do Miguel? – Disse acompanhando o riso dela.
-Oh, desculpa mas logo não posso, vou ver a minha mãe, ainda não estive com ela esta semana. – Disse ela.
-Tudo bem, não há problema, eu em princípio vou lá um pouco, fica para a próxima então. – Disse-lhe.
-Claro que sim! – Respondeu-me.
Falámos mais um pouco, o tempo parecia não existir e não sei ao certo quanto tempo durou a chamada.
Ao final da tarde, a rotina de tantos os dias, apanhei o metro e fui até casa, troquei de roupa por algo mais leve. Não tinha nada preparado para o jantar, pensei. Meti-me ao caminho e resolvi ir ter logo ao Refúgios. Admirado por me ver ali tão cedo, o Miguel preparou-me de imediato uma mesa.
-Já cá estás? Epá hoje vieste mais cedo! – Disse o Miguel.
-Sim, vim fazer uma inspecção sanitária ao estabelecimento. – Disse-lhe num tom de gozo.
-E fizeste muito bem, trago-te já o petisco do dia! - Disse ele enquanto saía apressado.
A casa estava a ficar cheia e ainda era relativamente cedo. Geralmente, serviam pequenas refeições leves e o pessoal ia ficando até tarde, bebia algo e aproveitava a música.
Comi e deixei-me andar por ali, iam chegando rostos conhecidos e dava dois dedos de conversa. Chegaram também amigos músicos e decidimos ir até ao palco tocar alguns standards, para criar um pouco de ambiente.
Estranhamente, ou por ironia do destino não desliguei o telefone, como habitualmente fazia quando estava a tocar. A meio de um dos temas senti o telefone a vibrar. Parei, coloquei a mão ao bolso e olhando o visor, num misto de espanto e alegria, sorri. Era a Sofia. Talvez ainda me venha ver, pensei entusiasmado.
Com o volume elevado e o ruído característico que inundava a sala vi-me forçado a sair para atender. Nada faria adivinhar o que viria a acontecer.
Atendi a chamada com um olá vibrante e enérgico. Do outro lado a angústia em forma de choro e gritos eram tamanhos que o impacto da situação me atordoou por completo.
-Sofia? Estás bem? Que se passa? – Perguntei preocupado.
-João… Socorro, Oh João… - Chorava e gritava Sofia.
-Mas que se passa? Que aconteceu? Onde estás? – Perguntei visivelmente nervoso.
-A minha... a… João… Ajuda-me, Oh... Meu Deus… - As palavras mal lhe saíram, soluçava sem se conter.
-Mas onde estás? Diz-me! Onde estás? – Perguntei, já em estado eminente de crise.
Não obtive resposta. Abruptamente ouvi três cliques e o meu telefone desligou-se, sem razão aparente.
Pálido e sem reacção inicial entrei no bar e saí com as chaves e carteira na mão, a correr como não julgava ser possível. Meti-me no carro que ainda estava a alguma distância, o compasso acelerado dos meus passos na calçada fazia acordar os cães que pernoitavam pelas ruas.
Conscientemente recusei-me a parar em semáforo algum.
A casa dela ficava praticamente no lado oposto da cidade. Tinha que chegar depressa, apenas nisso pensei. Acelerei ainda mais.
Trepei o passeio com a frente do carro, como um louco toquei. Não estava. Apesar da hora tardia bati à porta da D. Ermelinda, a porteira, que me confirmou que a Sofia havia saído para ir ter com a mãe e que até levava uns bolinhos secos que a D. Ermelinda lhe havia feito com todo o carinho. Agradeci a informação e como se a minha vida dependesse disso voei até à casa da mãe de Sofia. Não era muito longe dali, apenas alguns quarteirões acima.
Durante o caminho dei por mim a punir-me de não ter ido directo para a casa da Senhora D. Fátima. Senhora encantadora, já de alguma idade, mas muito bem-parecida, vivia sozinha. O falecido marido fora um importante general das forças armadas e ela, mesmo contrariando a família, havia decidido estudar, formar-se e chegou mesmo a exercer funções de hospedeira de bordo. Sofia sempre teve um contexto familiar de grande união, o sucesso profissional dela também o revelava.
Finalmente cheguei à porta da monumental vivenda, apesar da pouca luz percebiam-se cantarias e beirados típicos, um enorme jardim trabalhado e repleto dos mais exóticos arbustos e flores de uma beleza literária.
A porta estava aberta. Em alerta, temendo um assalto peguei numa forquilha que se encontrava no anexo da garagem, junto com as restantes ferramentas de jardim.
Entrei pela casa de forquilha em punho, guiado por um disparo súbito de adrenalina.
Ouvi o choro e os gritos já mudos de Sofia, como que amordaçada. Vinham do quarto, pensei.
-Sofia? – Gritei.
-João… - Ouvi do fundo do corredor, num ar de lamento já a desfalecer e em murmúrio.
Corri para o quarto. Parei. Involuntariamente caiu-me a forquilha da mão e congelei.
Jazia na cama a Senhora Dona Fátima, num mar de sangue que se escorria pelos lençóis até ao chão, inundando todo o pavimento de madeira do quarto. Sofia abraçada a ela, coberta de sangue, afagava com a mão o cabelo da mãe.
Olhei, e em choque percebi, que a senhora sustentava no peito três facas que a dilaceraram num rasgo demoníaco de violência demente e erradamente cinematográfica.
Cai de joelhos ao lado de Sofia, abracei-a e chorei.
Continua brevemente...
Beijinhos e abraços para todos
João

18 junho 2009

Parte 2 de "Apenas um dia"

Caros amigos leitores, apesar da ausência de comentários, vou lançar ainda hoje ou amanhã a segunda parte desse pequeno conto romanceado, espero uma boa aceitação e, se for motivo disso, criticas.
Gostava de receber também algum feedback do que acham da plataforma até ao momento, o que posso mudar, o que se pode melhorar, enfim, esse tipo de dicas que certamente tornarão melhor e mais pessoal este meu/vosso espaço.
Beijinhos e abraços a todos
João

Apenas um dia – Conto/Romance - Parte 1

Talvez por sempre me ter apetecido escrever algo, um livro (digo-o com a modéstia de um não escritor), que fosse comum a mim e a qualquer outra pessoa que se reveja nas minhas palavras, lanço este pequeno conto/romance. Fruto da imaginação, no fundo de imagens que conservo e idealizo, de vivências e de tudo o resto. Gostava de sentir um feedback de alguém que se sinta ou reveja em parte do texto, ou até o oposto! Se tudo isto parecer disparatado.
Parte 1
Noite. Tacteava o pulso num acto repetitivo, rodei o relógio para conferir o tempo. Estava a chegar a hora. Nunca me atrasava.
No quarto, agarrei um perfume e expulsei do frasco um pouco do aroma, em mim. Dirigi-me à cadeira, peguei no blazer e encostei o dedo ao interruptor do candeeiro de mesa e desliguei-o. O tom pastel da luz desvanecia-se aos poucos, aquela luz que tantas noites me acolheu enquanto me resguardava no silêncio característico de quem se deita a fazer o balanço de um dia.
Lá fora as constelações levantavam-se e mapeavam o céu, conhecia bem o enquadramento. A imagem dos serões passados no parapeito da janela percorria-me a memória. Tinha que ir.
As ruas estavam vazias. Tão morta estava cidade naquele instante. Contraste incómodo, já que durante o dia, o ar, quase se tornava rarefeito na concentração épica dos espaços públicos. Estacionei, orientado pela luz de um candeeiro de pé alto já fustigado pelo tempo e pelos descuidos dos carros. Era apenas mais uma noite, pensei.
O som das pedras da calçada ecoava nas paredes dos edifícios, também eles envelhecidos. Estava-se a perder esta arte, já ninguém faz verdadeira calçada portuguesa! Ser-se pedreiro não é “nobre”, incomodado, pensei.
Ao fundo da rua avistava-se um resquício de luz que iluminava o chão, aproximei-me e entrei. Sorridente, Miguel, dono do bar, cumprimentou-me. Devolvi-lhe com agrado um sorriso e um forte abraço adornado com um aperto de mão. Era-me familiar aquele espaço.
-Queres vir tocar hoje? – Perguntou Miguel.
-Hoje não… hoje preciso de arrumar a cabeça e aguardo companhia. – Disse-lhe aproximando-me do balcão.
-Claro! Como é? Sai um duplo sem gelo? – Perguntou-me, já com o copo servido na mão.
-Chuta! – Disse-lhe num tom amigável.
Do banco alto rotativo era possível ver todo o interior, as pequenas mesas escuras de madeira de carvalho e de cantos trincados, o balcão corrido de granito decorado com protuberâncias em metal dourado, os jogos de luz por entre as tiras de fumo, aquela imponente garrafeira de iguarias exóticas e os cálices pendurados pela base. Todo o ambiente fazia lembrar um bar ao jeito Irlandês. Mesmo ao lado do balcão, no canto esquerdo do salão, existia um pequeno palco ladeado por duas mesas redondas e um sofá vermelho carmim já manchado pelo álcool, onde os músicos se encostavam durante os intervalos e por vezes só pelo hábito, como se de um território marcado se tratasse. As paredes, essas, tombavam repletas de recortes de jornal, revistas e fotografias de amigos, de músicos promissores e outros mais afirmados.
A noite foi-se desenvolvendo normalmente, entre goles de bebida, um olhar pelos títulos de jornal e pequenos diálogos com rostos conhecidos que partilhavam conversas de circunstância comigo.
Era um pouco tarde, o compromisso e a responsabilidade profissional impediam-me de ficar por ali muito mais tempo, além do mais, o cansaço começava a fazer-se sentir.
Afinal não vem – disse para mim, murmurando.
Estava praticamente a sair quando entrou Sofia. Uma mistura de nervosismo e de positiva ansiedade percorreu-me o corpo. Senti o batimento cardíaco a manifestar-se. Aproximou-se de mim e cumprimentou-me. Era suave e floral o perfume que trazia, mas ainda assim, penetrou na minha roupa. Sentia o aroma.
De pose decidida e assumida, mas ao mesmo tempo angelical, desviava sempre a atenção dos homens que se movimentavam em seu redor. Não era o primeiro encontro, mas em mim tudo fazia parecer que sim.
-Boa noite! Então como está a donzela? – Perguntei.
-Estou muito bem e o cavalheiro? – Disse-me, esboçando um sorriso aberto.
-Estou bem também, a menina acompanha-me numa bebida, ou prefere apenas um café?
-Um cafezinho, simpático cavalheiro – disse-me em jeito teatral.
Tentava, com humor, quebrar o gelo do contacto inicial e de alguma insegurança na situação, sempre era assim, tímido e desastrado. Porém, a linguagem corporal deixava-me ficar mal e depressa denunciava o meu estado.
Conversámos um pouco sobre o nosso dia, as novidades, fragilidades e saboreámos a partilha de alguns sonhos futuros que íamos montando no decorrer da conversa.
Não era fácil libertar-me de a contemplar. O seu cabelo longo, liso, sedoso e negro, pele de aroma a jasmim, olhos cintilantes e mágicos. Tanta harmonia naquele olhar, fazia-me bem. A delicadeza do sorriso e de como movia as mãos, como que no acto ritual de charme inconsciente, cativava-me ainda mais. Dou por mim a congelar o tempo e a pensar como temia perder-me a olhar o corpo e não ver a mulher. Erro comum. Por momentos senti que ela partilhava, igualmente, de algum nervosismo ou pelo menos uma qualquer insegurança nas reacções, talvez vindo de um passado menos feliz, talvez não muito diferente do meu. Por fim os dedos tocaram-se… As mãos uniram-se. O tempo cristalizou por instantes. Cúmplices foram os olhares e os sorrisos quase adolescentes. Mas, nessa noite nada foi mais que isso, ou melhor, foi tudo isso…
Continua brevemente...
A todos o meu obrigado, aguardo comentários!
João

17 junho 2009

Verão, esse amigo...

Pois bem, de facto são imensos os papeis que percorrem aqui a minha secretária, em todo o caso, encontrei espaço no meio de tal floresta e entre um oficio e outro lançei-me ao teclado. O dia está fraquito novamente, esta irregularidade de tempo deixa-nos meio atordoados e por vezes pior que isso. Não deixa de ser curioso que as depressões aparecem no inverno e se esbatem no verão mas, com esta barafunda meteorológica, já nem o nosso inconsciente/subconsciente sabe se "deve" ficar deprimido ou não. Eu opto por não ficar!
Será que no verão andamos mais contentinhos porque a relação entre pouca indumentária e hormonas em alta é inversamente oposta à fase deprimente de inverno? lol
Assim, presume-se que, em teoria, menos roupa ajuda a criar mais sorrisos! Estranhamente este axioma não se deve aplicar a parte (elevada?, grande?, pequena?) do sexo feminino! lol (não não sou machista! que fique claro lol) já que, mais roupa, em armário, é certo! é igual a mais sorrisos! =)
Um beijinho e abraço a todos
João

16 junho 2009

Estes Chineses inventam tudo...

Ora aí está uma boa ideia! Este video faz acreditar que os Chineses não dominam só a arte de vender "utilidades" (?) e de fazer massa de arroz com gambas! lol

E aí vem ele... O TGV

É desta que me convenço que, realmente, anda tudo maluco! Ora pois então o TGV sempre é coisa para se dar aqui para os lados dos "Portugais". Enfim, caros amigos é oficial! Esqueçamos futuras pensões pois os nossos insuflados descontos para a segurança social e similares vão direitinhos para os carris do comboiozinho. Isto também pode ser visto pelo lado positivo, é certo. Forte investimento gera retorno! Quase sempre... Apenas me questiono se alguém irá viajar para Madrid de TGV quando de avião leva menos tempo e a um custo inferior...

Hoje!

Hoje choveu. O caminho é o mesmo todos os dias. Eternamente... Encostei-me ao banco do comboio, desconfortável como sempre, deixei-me ficar naquela mudança automática de "não estar ali" e a máquina seguiu o seu caminho. Percorri o bolso com a mão, tirei o leitor de mp3 e deslizei para outro lugar. Chove e faz calor! Incomoda-me... Passo os olhos por cima do livro que entretanto abri. Pouco mais havia que cinzento, lá fora. É dia de lançar o blog! Assim foi.

Vale a pena ouvir...

Deixo aqui um video do enorme Chet Baker, talvez um dos temas mais bonitos de toda a história do jazz... Mera opinião pessoal... Ouço-o à espera de inspiração para escrever algo...

Bem vindos ao Plataforma

Bem vindos ao Plataforma. Este será o meu novo blog palco de ideias, novidades e partilhas que assumirá, para mim, e espero que para voçês também, um lugar acolhedor, caseiro e que faça apetecer ir passando por cá. Este é o Plataforma. A todos o meu obrigado.

Beijos e abraços

João