29 junho 2009
Roubaram-me os pneus!
28 junho 2009
Somos escravos...
26 junho 2009
Morreu Mickael Jackson
25 junho 2009
Malditos virus, quando a desgraça aconteçe
23 junho 2009
Frase do dia...
22 junho 2009
O nosso desgoverno...
Enfim, estamos em crise, mas verdadeiramente a crise que vivemos não é apenas económica! É sim de valores! Façamos uma pequena análise, muitos portugueses procuram trabalho ou emprego? (não desvalorizando os que não o conseguem e quem dá no duro diariamente), porque é que inundamos os "trabalhos menores" (esta visão é portuguesa! lá fora isto não aconteçe assim) com os imigrantes? porque insistem os portugueses em viver a crédito e ter à porta de casa uma bmw? porque há em média 3 telemóveis por habitante em portugal? porque não temos dinheiro para comer, mas temo-lo para queimar nas lojas de roupa de nome sonante?
Muitos portugueses não vivem assim. Ainda bem que não. Portugal precisa de acordar para vida e isto é algo que me incomoda. Como pode um pais proliferar se não produz sequer para comer? Continuamos a investir no sector terceário, nos serviços mas como se os portugueses não têm dinheiro para usufrir deles? Apostamos de forma errada. Esqueçemos a industria e o sector primário. Com alimento suficiente e boa produção tornamo-nos semi auto-suficientes, depois sim aposta-se fortemente no sector dos serviços! É elementar este conceito. Assim não aconteçe. Continuamos a inverter a ordem dos factores e assim não se sai disto. Nunca!
Não há poções mágicas, não há políticas melhores que outras, há sim necessidade de realizações concretas do que nos faz falta, basta de teorias o mundo é organizado numa grande complexidade sim, mas que se pode remeter a um principio básico, esse principio é o aconteçer! É só preciso fazer acontecer o que precisa de acontecer!
Beijinhos e abraços a todos
João
20 junho 2009
O segredo
19 junho 2009
Hoje é um dia feliz!
Apenas um dia - Parte 2
Já em casa, resolvi não me deitar. Ajustei a luz da sala, dirigi-me à estante dos discos de vinil. Recorri a Miles Davis. Tirei do pequeno estojo uma escova de cor azul-marinho, cuja superfície lembrava veludo. Com o vinil a queimar no prato ia retirando, cuidadosamente, os indícios de pó na superfície.
A gola da camisa tinha ainda o cheiro do perfume dela, pensei.
Deixei-me ficar ali, em transe, enterrado na poltrona que me havia sido oferecida pelos meus pais e que o cão da família insistia em querer mastigar, nas suas incursões destruidoras pela minha casa.
O sol mostrou-se mesmo no fim do lado B do disco, conseguia vê-lo a rasgar por entre as tiras do estore.
Preparei-me, vesti-me de preto e segui para o trabalho. Fui de metro, já que o atelier era relativamente perto. Involuntariamente ficava sempre a par de todas as notícias, escândalos e intrigas que algumas senhoras, de voz assumida, insistiam em manifestar de um banco para o outro. Protegido pelos óculos escuros tentava, em parte, camuflar o riso contido que a situação me provocava.
O tecer de uma melodia descoordenada, vinda de um jovem de tez escura, com um acordeão, que havia entrado, fez-me reflectir.
A minha saída era a próxima. Acotovelando-me, dirigi-me para a porta que insistia em ceifar membros aos passageiros menos apressados.
Bom dia Sr. Vítor, dê-me o diário do costume por favor! – Disse, dirigindo-me ao quiosque mesmo na esquina do atelier.
Sr. Vítor, boa pessoa, mas sempre mal disposto e cabisbaixo era um homem alto e farto, de cicatrizes profundas infligidas pela guerra colonial.
-Bom dia! – Disse calmo, ao entrar no atelier.
-Olha ele! – Respondeu o Pedro, um dos bons amigos que cultivava desde o tempo da faculdade.
Pousei o jornal e a minha pasta, bati à porta e entrei no gabinete da Margarida, minha sócia e, também ela, ex-colega de turma.
-Bom dia, então? Como está o Filipe? – Perguntei.
-Está melhor, ontem fomos ao médico com ele e depois à vinda adormeceu no carro e tudo. Mudando de assunto, como correram as coisas ontem com a Sofia? – Perguntou, levantando o sobrolho.
-Mais logo conto-te tudo… - Disse-lhe, sorrindo meio envergonhado.
A Margarida sempre foi a minha melhor amiga. Eu até era padrinho do Filipe, o filho dela. Por vezes brincava com a situação. Dizia que me tinha convidado para padrinho apenas porque a tinha ajudado no projecto final do último ano e que como era inteligente e ia ser um bom arquitecto, iria ganhar bem para ajudar a sustentar eventuais afilhados.
Uma mulher muito bonita, alta, um longo cabelo loiro de canudos largos, lindíssimos olhos verdes. Recordo-me de ser vista como o Santo Graal da massa associativa masculina dos rapazes, nos tempos de escola. Por alturas das praxes, os veteranos incentivavam os jovens caloiros a improvisar intricadas odes à beleza de tão delicada “divindade” e das demais colegas recém-chegadas. Margarida respondia sempre com um sorriso maternal, mas, ainda assim com pequenos toques de humor, participando na festa.
O dia foi árduo, como de costume. Tínhamos em mãos um projecto para um novo centro comercial e a pressão exercida pelos investidores apenas atrapalhava.
O almoço foi no Chinês na rua paralela ao escritório, convidei eu. Sabia que provavelmente ia ser bombardeado por perguntas, eles jamais me iriam poupar ao desconforto na revelação dos detalhes da noite passada. Assim foi.
Mas, curiosamente, as questões não foram tão incisivas como esperava. Contei-lhes da conversa agradável que tínhamos tido, que sentia cumplicidade e à-vontade com ela e que, aparentemente, tudo fluía, mas, não havíamos passado muito da amizade, especial certamente, mas amizade. Depois de alguns empurrões na direcção que achavam correcta, assumi a promessa que de tarde lhe telefonaria a combinar algo para essa noite.
-Estou? Que surpresa! – Disse-me Sofia.
-Olá, sim sou eu, então como estás desde há pouco? – Ironizei.
-Estou bem, com sonito, mas bem, e tu? Chegaste a dormir alguma coisa? – Perguntou.
-Não! Estive entretido com os meus discos, se me deitasse penso que ainda me ia sentir mais sonolento. – Respondi.
-Eu nem me lembro de ter chegado a casa, devo ter “aterrado” logo no sofá! – Disse ela, rindo.
-Fantástico! Olha, logo queres ir ao bar do Miguel? – Disse acompanhando o riso dela.
-Oh, desculpa mas logo não posso, vou ver a minha mãe, ainda não estive com ela esta semana. – Disse ela.
-Tudo bem, não há problema, eu em princípio vou lá um pouco, fica para a próxima então. – Disse-lhe.
-Claro que sim! – Respondeu-me.
Falámos mais um pouco, o tempo parecia não existir e não sei ao certo quanto tempo durou a chamada.
Ao final da tarde, a rotina de tantos os dias, apanhei o metro e fui até casa, troquei de roupa por algo mais leve. Não tinha nada preparado para o jantar, pensei. Meti-me ao caminho e resolvi ir ter logo ao Refúgios. Admirado por me ver ali tão cedo, o Miguel preparou-me de imediato uma mesa.
-Já cá estás? Epá hoje vieste mais cedo! – Disse o Miguel.
-Sim, vim fazer uma inspecção sanitária ao estabelecimento. – Disse-lhe num tom de gozo.
-E fizeste muito bem, trago-te já o petisco do dia! - Disse ele enquanto saía apressado.
A casa estava a ficar cheia e ainda era relativamente cedo. Geralmente, serviam pequenas refeições leves e o pessoal ia ficando até tarde, bebia algo e aproveitava a música.
Comi e deixei-me andar por ali, iam chegando rostos conhecidos e dava dois dedos de conversa. Chegaram também amigos músicos e decidimos ir até ao palco tocar alguns standards, para criar um pouco de ambiente.
Estranhamente, ou por ironia do destino não desliguei o telefone, como habitualmente fazia quando estava a tocar. A meio de um dos temas senti o telefone a vibrar. Parei, coloquei a mão ao bolso e olhando o visor, num misto de espanto e alegria, sorri. Era a Sofia. Talvez ainda me venha ver, pensei entusiasmado.
Com o volume elevado e o ruído característico que inundava a sala vi-me forçado a sair para atender. Nada faria adivinhar o que viria a acontecer.
Atendi a chamada com um olá vibrante e enérgico. Do outro lado a angústia em forma de choro e gritos eram tamanhos que o impacto da situação me atordoou por completo.
-Sofia? Estás bem? Que se passa? – Perguntei preocupado.
-João… Socorro, Oh João… - Chorava e gritava Sofia.
-Mas que se passa? Que aconteceu? Onde estás? – Perguntei visivelmente nervoso.
-A minha... a… João… Ajuda-me, Oh... Meu Deus… - As palavras mal lhe saíram, soluçava sem se conter.
-Mas onde estás? Diz-me! Onde estás? – Perguntei, já em estado eminente de crise.
Não obtive resposta. Abruptamente ouvi três cliques e o meu telefone desligou-se, sem razão aparente.
Pálido e sem reacção inicial entrei no bar e saí com as chaves e carteira na mão, a correr como não julgava ser possível. Meti-me no carro que ainda estava a alguma distância, o compasso acelerado dos meus passos na calçada fazia acordar os cães que pernoitavam pelas ruas.
Conscientemente recusei-me a parar em semáforo algum.
A casa dela ficava praticamente no lado oposto da cidade. Tinha que chegar depressa, apenas nisso pensei. Acelerei ainda mais.
Trepei o passeio com a frente do carro, como um louco toquei. Não estava. Apesar da hora tardia bati à porta da D. Ermelinda, a porteira, que me confirmou que a Sofia havia saído para ir ter com a mãe e que até levava uns bolinhos secos que a D. Ermelinda lhe havia feito com todo o carinho. Agradeci a informação e como se a minha vida dependesse disso voei até à casa da mãe de Sofia. Não era muito longe dali, apenas alguns quarteirões acima.
Durante o caminho dei por mim a punir-me de não ter ido directo para a casa da Senhora D. Fátima. Senhora encantadora, já de alguma idade, mas muito bem-parecida, vivia sozinha. O falecido marido fora um importante general das forças armadas e ela, mesmo contrariando a família, havia decidido estudar, formar-se e chegou mesmo a exercer funções de hospedeira de bordo. Sofia sempre teve um contexto familiar de grande união, o sucesso profissional dela também o revelava.
Finalmente cheguei à porta da monumental vivenda, apesar da pouca luz percebiam-se cantarias e beirados típicos, um enorme jardim trabalhado e repleto dos mais exóticos arbustos e flores de uma beleza literária.
A porta estava aberta. Em alerta, temendo um assalto peguei numa forquilha que se encontrava no anexo da garagem, junto com as restantes ferramentas de jardim.
Entrei pela casa de forquilha em punho, guiado por um disparo súbito de adrenalina.
Ouvi o choro e os gritos já mudos de Sofia, como que amordaçada. Vinham do quarto, pensei.
-Sofia? – Gritei.
-João… - Ouvi do fundo do corredor, num ar de lamento já a desfalecer e em murmúrio.
Corri para o quarto. Parei. Involuntariamente caiu-me a forquilha da mão e congelei.
Jazia na cama a Senhora Dona Fátima, num mar de sangue que se escorria pelos lençóis até ao chão, inundando todo o pavimento de madeira do quarto. Sofia abraçada a ela, coberta de sangue, afagava com a mão o cabelo da mãe.
Olhei, e em choque percebi, que a senhora sustentava no peito três facas que a dilaceraram num rasgo demoníaco de violência demente e erradamente cinematográfica.
Cai de joelhos ao lado de Sofia, abracei-a e chorei.
18 junho 2009
Parte 2 de "Apenas um dia"
Apenas um dia – Conto/Romance - Parte 1
Parte 1
Noite. Tacteava o pulso num acto repetitivo, rodei o relógio para conferir o tempo. Estava a chegar a hora. Nunca me atrasava.
No quarto, agarrei um perfume e expulsei do frasco um pouco do aroma, em mim. Dirigi-me à cadeira, peguei no blazer e encostei o dedo ao interruptor do candeeiro de mesa e desliguei-o. O tom pastel da luz desvanecia-se aos poucos, aquela luz que tantas noites me acolheu enquanto me resguardava no silêncio característico de quem se deita a fazer o balanço de um dia.
Lá fora as constelações levantavam-se e mapeavam o céu, conhecia bem o enquadramento. A imagem dos serões passados no parapeito da janela percorria-me a memória. Tinha que ir.
As ruas estavam vazias. Tão morta estava cidade naquele instante. Contraste incómodo, já que durante o dia, o ar, quase se tornava rarefeito na concentração épica dos espaços públicos. Estacionei, orientado pela luz de um candeeiro de pé alto já fustigado pelo tempo e pelos descuidos dos carros. Era apenas mais uma noite, pensei.
O som das pedras da calçada ecoava nas paredes dos edifícios, também eles envelhecidos. Estava-se a perder esta arte, já ninguém faz verdadeira calçada portuguesa! Ser-se pedreiro não é “nobre”, incomodado, pensei.
Ao fundo da rua avistava-se um resquício de luz que iluminava o chão, aproximei-me e entrei. Sorridente, Miguel, dono do bar, cumprimentou-me. Devolvi-lhe com agrado um sorriso e um forte abraço adornado com um aperto de mão. Era-me familiar aquele espaço.
-Queres vir tocar hoje? – Perguntou Miguel.
-Hoje não… hoje preciso de arrumar a cabeça e aguardo companhia. – Disse-lhe aproximando-me do balcão.
-Claro! Como é? Sai um duplo sem gelo? – Perguntou-me, já com o copo servido na mão.
-Chuta! – Disse-lhe num tom amigável.
Do banco alto rotativo era possível ver todo o interior, as pequenas mesas escuras de madeira de carvalho e de cantos trincados, o balcão corrido de granito decorado com protuberâncias em metal dourado, os jogos de luz por entre as tiras de fumo, aquela imponente garrafeira de iguarias exóticas e os cálices pendurados pela base. Todo o ambiente fazia lembrar um bar ao jeito Irlandês. Mesmo ao lado do balcão, no canto esquerdo do salão, existia um pequeno palco ladeado por duas mesas redondas e um sofá vermelho carmim já manchado pelo álcool, onde os músicos se encostavam durante os intervalos e por vezes só pelo hábito, como se de um território marcado se tratasse. As paredes, essas, tombavam repletas de recortes de jornal, revistas e fotografias de amigos, de músicos promissores e outros mais afirmados.
A noite foi-se desenvolvendo normalmente, entre goles de bebida, um olhar pelos títulos de jornal e pequenos diálogos com rostos conhecidos que partilhavam conversas de circunstância comigo.
Era um pouco tarde, o compromisso e a responsabilidade profissional impediam-me de ficar por ali muito mais tempo, além do mais, o cansaço começava a fazer-se sentir.
Afinal não vem – disse para mim, murmurando.
Estava praticamente a sair quando entrou Sofia. Uma mistura de nervosismo e de positiva ansiedade percorreu-me o corpo. Senti o batimento cardíaco a manifestar-se. Aproximou-se de mim e cumprimentou-me. Era suave e floral o perfume que trazia, mas ainda assim, penetrou na minha roupa. Sentia o aroma.
De pose decidida e assumida, mas ao mesmo tempo angelical, desviava sempre a atenção dos homens que se movimentavam em seu redor. Não era o primeiro encontro, mas em mim tudo fazia parecer que sim.
-Boa noite! Então como está a donzela? – Perguntei.
-Estou muito bem e o cavalheiro? – Disse-me, esboçando um sorriso aberto.
-Estou bem também, a menina acompanha-me numa bebida, ou prefere apenas um café?
-Um cafezinho, simpático cavalheiro – disse-me em jeito teatral.
Tentava, com humor, quebrar o gelo do contacto inicial e de alguma insegurança na situação, sempre era assim, tímido e desastrado. Porém, a linguagem corporal deixava-me ficar mal e depressa denunciava o meu estado.
Conversámos um pouco sobre o nosso dia, as novidades, fragilidades e saboreámos a partilha de alguns sonhos futuros que íamos montando no decorrer da conversa.
Não era fácil libertar-me de a contemplar. O seu cabelo longo, liso, sedoso e negro, pele de aroma a jasmim, olhos cintilantes e mágicos. Tanta harmonia naquele olhar, fazia-me bem. A delicadeza do sorriso e de como movia as mãos, como que no acto ritual de charme inconsciente, cativava-me ainda mais. Dou por mim a congelar o tempo e a pensar como temia perder-me a olhar o corpo e não ver a mulher. Erro comum. Por momentos senti que ela partilhava, igualmente, de algum nervosismo ou pelo menos uma qualquer insegurança nas reacções, talvez vindo de um passado menos feliz, talvez não muito diferente do meu. Por fim os dedos tocaram-se… As mãos uniram-se. O tempo cristalizou por instantes. Cúmplices foram os olhares e os sorrisos quase adolescentes. Mas, nessa noite nada foi mais que isso, ou melhor, foi tudo isso…
17 junho 2009
Verão, esse amigo...
16 junho 2009
Estes Chineses inventam tudo...
E aí vem ele... O TGV
Hoje!
Vale a pena ouvir...
Bem vindos ao Plataforma
Beijos e abraços
João